segunda-feira, 15 de julho de 2013

Não Motorizado (Parte 2: Reivindicações dos Ciclistas)



Dando continuidade à série "Não motorizado" do nosso blog (não viu a Parte 1? clique aqui), hoje vou comentar a reportagem "Por que os ciclistas reclamam tanto?", por André Geraldo Soares, página 38 da Revista Bicicleta nº 29 (veja a revista clicando aqui).

Vira e mexe ouvimos movimentos sociais de ciclistas reivindicando melhoria nas condições de deslocamentos urbanos por bicicleta. A reportagem fala sobre a persistência dessas manifestações, no qual algumas autoridades (e alguns incomodados) questionam algo do tipo "Ora, já estão sendo feitas ciclovias e ciclofaixas, e esses ciclistas nunca estão satisfeitos?"

Na reportagem o que mais me chamou a atenção foi que não basta ter infraestrutura cicloviária. De que adianta ter ciclovias se estas estão localizadas em lugares inapropriados ou sem movimento de ciclistas? A crítica do autor (e o principal motivo das reivindicações) é para falta de conscientização e visão sistêmica do assunto, principalmente por parte dos nossos governantes, mas também por parte do próprio usuário da bicicleta.

Será que nossos políticos e gestores públicos realmente entendem que é democrático que o cidadão opte pelo modo de transporte que queira se deslocar? O que vemos por aí são ações voltadas exclusivamente aos deslocamentos com o carro. O resto é complementar. Assim, as ciclovias (se houver um espaço) são colocadas às margens de algumas vias para o carro. E o que pensa o ciclista? Esse tipo de ação governamental é suficiente? O que significa a seguinte fala hipotética de um político: "No meu governo dobramos a extensão de ciclovias?"

Basta colocar ciclovias e ciclofaixas para calar as reivindicações daqueles que utilizam a bicicleta?

Não. Temos que repensar nossa cidade sobre a ótica da democratização do espaço viário. Temos que investir em estudos e pesquisas para que possam indicar os melhores lugares para implantar as infraestruturas de mobilidade urbana, incluindo ciclovias/ciclofaixas e bicicletários públicos. Também é importante programas e ações que permitam a manutenção adequada desses espaços viários, incluindo as vias e as sinalizações.

Além disso, é importante programas educacionais e ações continuadas voltadas à conscientização sobre o uso das bicicletas, como as vantagens proporcionadas, dicas de segurança, formas de integração com o transporte coletivo, orientações aos motoristas etc.

Outro aspecto é a fiscalização. O Poder Público deve estar atento ao respeito das normas de trânsito e ao adequado uso do espaço público. Como medidas de fiscalização que vemos são pardais eletrônicos, blitz e multas por estacionar em lugar proibido. Tudo voltado para o carro! Tais fiscalizações devem continuar, mas também devem ser ampliadas de forma proporcionar um harmônico e coordenado trânsito de pessoas e cargas, seja qual for o modo de transporte.

A lista de assuntos relativos ao tema é extensa. Vai mais uma: é preciso melhorar nossas legislações, especialmente as municipais por meio dos planos de mobilidade urbana (em outro momento vamos aprofundar no assunto).

Por fim, quero só dizer que os direitos que conseguimos até hoje na nossa sociedade é fruto de muita batalha, proporcionada por pessoas que não se cansaram de reivindicar. Portanto, os ciclistas estão conseguindo seu espaço, mas ainda há muita batalha. A satisfação ainda está longe de ser alcançada. Agora pergunto: se essas vozes se calarem, quem irão falar por elas? As bicicletas?

Grande abraço!

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