quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Segurança do usuário pode ser colocada em segundo plano


Diletas(os) usuárias(os) do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana,

Um importante avanço na segurança do trânsito foi construído no âmbito de nossa legislação: a obrigatoriedade de Airbags (bolsas infláveis que visam proteger os usuários em casos de colisões) e Freios ABS (sistema que torna a frenagem mais eficiente) nos veículos. Com isso, a partir de 1º de janeiro de 2014, os veículos automotores fabricados no Brasil devem sair com esses dispositivos de segurança.

Ocorre que já está havendo pressão para adiar a vigência da obrigatoriedade em um ou dois anos. E o pior: o Governo Federal sinaliza essa possibilidade (veja aqui a matéria do site Autoesporte). Motivo: o preço dos veículos vão subir cerca de R$ 1.500,00 para poder cobrir os custos dos equipamentos, implicando em possível redução na venda de veículos e, consequentemente, em impactos negativos à economia brasileira.

A preocupação principal parece estar fundamentada na importância da indústria automobilística na economia brasileira. Parece que o importante é que as pessoas comprem mais carros para poder termos um desempenho adequado (ou evitar maiores prejuízos) da economia. Parece que as políticas estão fundamentadas no setor econômico, e ainda assim com uma visão rasa sobre o assunto.

Não sou contra a indústria automotiva e nem contra a compra de veículos pelas famílias. O carro tem seu papel na mobilidade urbana. Mas, acima disso, sou a favor de um trânsito seguro, mesmo que isto custe um valor a mais na aquisição do veículo. Sou a favor do uso racional do veículo automotor individual, sou a favor de serviços de qualidade de transporte público coletivo a valores módicos e com prioridade em relação ao individual, e também sou a favor de adequada infraestrutura e segurança no transporte não motorizado.

Vai alguns questionamentos sobre essa econômica e de mercado: 1) Por que não há um esforço para combater o lucro excessivo dos fabricantes e revendedores de automóveis? 2) Por que os veículos vendidos na Argentina são mais baratos do que os mesmos veículos vendidos no Brasil? 3) Por que as fábricas dão descontos superiores a 10% para pessoas jurídicas (empresas) e não dão descontos para pessoas físicas? 4) Por que pensar em economizar com segurança?

A obrigatoriedade do Airbag e do ABS em outros países já é realidade há décadas. Sobre o assunto, o Brasil está muito atrasado. Vamos atrasar ainda mais? Além disso, se essa medida for tomada, vai contra um conjunto de políticas públicas e esforços arduamente conquistados junto a população, no qual destaco o Pacto da Nacional pela Redução de Acidentes do próprio Governo Federal. Parece um contrassenso, de um lado se promove um pacto para tentar reduzir o número de mortos e feridos no trânsito, por outro lado, há uma medida que abre mão de exigir a obrigatoriedade de dispositivos de segurança para ter veículos sem aumentos.

É isso! Tomara que as autoridades consigam enxergar com maior profundidade o assunto e que possam ponderar o valor da vida humana na hora da decisão.

Grande abraço!

Higor Guerra

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