Diletas(os) usuárias(os) do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana,
Um importante avanço na segurança do trânsito foi construído no âmbito de nossa legislação: a obrigatoriedade de Airbags (bolsas infláveis que visam proteger os usuários em casos de colisões) e Freios ABS (sistema que torna a frenagem mais eficiente) nos veículos. Com isso, a partir de 1º de janeiro de 2014, os veículos automotores fabricados no Brasil devem sair com esses dispositivos de segurança.
Ocorre que já está havendo pressão para adiar a vigência da obrigatoriedade em um ou dois anos. E o pior: o Governo Federal sinaliza essa possibilidade (veja aqui a matéria do site Autoesporte). Motivo: o preço dos veículos vão subir cerca de R$ 1.500,00 para poder cobrir os custos dos equipamentos, implicando em possível redução na venda de veículos e, consequentemente, em impactos negativos à economia brasileira.
A preocupação principal parece estar fundamentada na importância da indústria automobilística na economia brasileira. Parece que o importante é que as pessoas comprem mais carros para poder termos um desempenho adequado (ou evitar maiores prejuízos) da economia. Parece que as políticas estão fundamentadas no setor econômico, e ainda assim com uma visão rasa sobre o assunto.
Não sou contra a indústria automotiva e nem contra a compra de veículos pelas famílias. O carro tem seu papel na mobilidade urbana. Mas, acima disso, sou a favor de um trânsito seguro, mesmo que isto custe um valor a mais na aquisição do veículo. Sou a favor do uso racional do veículo automotor individual, sou a favor de serviços de qualidade de transporte público coletivo a valores módicos e com prioridade em relação ao individual, e também sou a favor de adequada infraestrutura e segurança no transporte não motorizado.
Vai alguns questionamentos sobre essa econômica e de mercado: 1) Por que não há um esforço para combater o lucro excessivo dos fabricantes e revendedores de automóveis? 2) Por que os veículos vendidos na Argentina são mais baratos do que os mesmos veículos vendidos no Brasil? 3) Por que as fábricas dão descontos superiores a 10% para pessoas jurídicas (empresas) e não dão descontos para pessoas físicas? 4) Por que pensar em economizar com segurança?
A obrigatoriedade do Airbag e do ABS em outros países já é realidade há décadas. Sobre o assunto, o Brasil está muito atrasado. Vamos atrasar ainda mais? Além disso, se essa medida for tomada, vai contra um conjunto de políticas públicas e esforços arduamente conquistados junto a população, no qual destaco o Pacto da Nacional pela Redução de Acidentes do próprio Governo Federal. Parece um contrassenso, de um lado se promove um pacto para tentar reduzir o número de mortos e feridos no trânsito, por outro lado, há uma medida que abre mão de exigir a obrigatoriedade de dispositivos de segurança para ter veículos sem aumentos.
É isso! Tomara que as autoridades consigam enxergar com maior profundidade o assunto e que possam ponderar o valor da vida humana na hora da decisão.
Grande abraço!
Higor Guerra
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