quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

3h30min para chegar em casa...


Imagina você saindo 16h do trabalho. Bom? Agora imagina você saindo 16h do trabalho e chegando em casa às 19h30min, gastando 3h30min só no deslocamento trabalho-casa. Pois é... conheço duas amigas que passam por isso quase que diariamente, pois dependem do transporte público coletivo do DF. Elas trabalham no Plano Piloto e moram em Brazlândia, que fica cerca de 45 km do centro da Capital Federal. Essa semana elas me contaram como é a maratona delas.

Boa parte desse excessivo tempo é esperando o ônibus na Rodoviária do Plano Piloto. Também não é para menos, com uma frota operacional bem menor que a necessária, a frequência dos ônibus é extremante grande e irregular. Não se sabe quando vai poder contar com o ônibus. Por falar em ônibus, essas usuárias (e heroínas) do transporte público coletivo me informaram que os veículos são antigos, barulhentos, inseguros... 

Falei em insegurança. A situação dos ônibus é precária. Os pneus são carecas. Se os pneus, um item que todo mundo vê o estado deles, estão carecas, sabe-se lá como estão as revisões desses veículos, as condições dos freios e fluidos, etc. Diante dessa situação, dizem que ainda há espaço para descontração no ônibus, no qual há a recomendação para que os usuários mantenham suas identidades no bolso da calça ou em algum lugar acessível para facilitar a identificação dos corpos em caso de acidente.

Além disso, em função da desordem operacional e da oferta precária de ônibus, as viagens são realizadas lotadas. Em uma dessas viagens chegaram a contar 103 usuários apertados em um ônibus que leva cerca de 80 pessoas. São pessoas trabalhadoras se espremendo umas nas outras para poder chegar aos seus ofícios. 

Por que trabalhadores de bem precisam se sujeitar a um tratamento desumano desses? (Tarefa de casa: confrontem esse relato com o Art. 14 da Lei 12.587/2012, referente aos direitos do usuários).

As novas concessões não estão operando nessas linhas que ligam Brazlândia à Rodoviária do Plano Piloto. Quem as opera é a cooperativa Alternativa. Os cidadãos de Brazlândia são contemplados com as novas concessões em linhas que ligam a cidade à Taguatinga e a Av. W3.

A revolta é tão grande que ontem e hoje tivemos manifestações sobre o assunto. Vejam as matérias do G1:



Hoje consegui conversar com essas amigas de Brazlândia. Primeiro fiquei surpreso! Mesmo com essas manifestações e bloqueios, elas vieram ao trabalho, com inúmeras dificuldades, mas vieram. Parabéns para elas! Depois disso, perguntei como elas iriam fazer para voltar para casa no fim do expediente. Elas me disseram que vai ser complicado, mas que uma solução é ir para Taguatinga (pagando R$ 3,00) e depois pegar outro ônibus para Brazlândia (e gastar mais R$ 3,00, recursos extras que o patrão não vai pagar).

Pessoas precisam ser tratadas como pessoas, com dignidade e respeito. O foco do sistema de transporte público precisa ser no ser humano!

Estamos juntos! Grande abraço!

Obs.: Lene e Dora, meu muito obrigado! Abraço grande!

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