segunda-feira, 12 de maio de 2014

De olho em 2020: Necessidade de multi centros no DF e Entorno




Prezadas(os),

Um grande problema que enfrentamos na mobilidade urbano é o fato de termos muitas pessoas indo para os mesmos lugares ao mesmo tempo. O ser humano necessita realizar atividades que dependem de seus deslocamentos no espaço. Essas atividades são trabalho/emprego, saúde, escola, serviços gerais etc.

Polos Geradores de Tráfego

A Figura 1 apresenta um mapeamento dos Polos Geradores de Tráfego do Distrito Federal, mostrando a grande influência da Região Administrativa de Brasília, o que demanda viagens de cidadãos de todo DF à área central. Muitas atividades são largamente oferecidas no centro da Capital Federal ao passo que nas cidades-satélites e cidades do entorno predominam a carência de muitos serviços/bens públicos e privados. Taguatinga é uma das raras exceções.

Hospitais e escolas privadas são mais facilmente encontradas no Plano Piloto. Edificações destinadas a atividades culturais e de lazer dificilmente se encontram nas cidades-satélites e entorno. Verifica-se até mesmo a ausência do poder público em determinadas Regiões Administrativas como é o caso da inexistência de escolas públicas em Águas Claras.

Este quadro do uso do solo no DF gera excessiva dependência de toda cidade em relação ao centro (Plano Piloto), o que contribui para a realização de deslocamentos de longa distância, normalmente feitos por veículos particulares (o que gera congestionamentos e insuficiência de vagas de estacionamento) ou por (insatisfatórios) serviços de transporte público coletivo.

Figura 1: Polos Geradores de Tráfego

Concentração de empregos

Segundo o Plano Diretor de Transporte Urbano do DF (PDTU), a Região Administrativa de Brasília concentra 37,4% dos empregos oferecidos em 2010 a região do Distrito Federal e Entorno. Se considerarmos o Centro Expandido (Brasília, Cruzeiro, Sudoeste/Octogonal, Candangolândia, Guará, Núcleo Bandeirante, e Lagos Sul e Norte), alcança o percentual de cerca de 46,7%. Lembrando que esse centro expandido não representa nem 10% do total da população do DF e municípios do entorno.

Linhas de desejo

Outra forma de "enxergar" essa dependência da área central do DF é por meio das linhas de desejo (PDTU, páginas 65, 66 e 67), que são montadas a partir das matrizes origem-destino. Elas representam as necessidades (desejos) dos usuários em acessar determinadas áreas para realização de alguma atividade (escola, trabalho, lazer etc). As figuras abaixo mostram os relacionamentos (ou necessidades de deslocamentos) entre as cidades. Notem dois pontos: são representadas apenas as linhas a partir de um patamar (acima de 5.000 viagens, por exemplo) e quanto mais grossas as linhas maior a relação de viagens.

Figura 2: Transporte Público Coletivo - Situação 2009

Figura 3: Transporte Individual - Situação 2009

Figura 4: Transporte Público Coletivo - Pico da Manhã - 2010


Figura 5: Transporte Individual - Pico da Manhã - 2010



Perspectivas para 2020

O PDTU traz simulações para 2020. Ele considera dois tipos de cenários econômicos: tendenciais (com curva de crescimento ascendente: taxa média de crescimento econômico de 2,9%) e exploratórios (com estabilização econômica). 

Não sou especialista em economia, mas pelo que acompanho os noticiários, se não forem tomadas determinadas medidas econômicas, o cenário tipo tendencial pode ser considerado demasiado otimista. De toda forma, quero apresentar os resultados alcançados no PDTU (página 94) por esses cenários tendenciais (que preveem a criação significativa de empregos):

- Brasília detém 37,4% dos empregos oferecidos em 2010 na região do Distrito Federal e Entorno, em 2020 passa a 34,9%;
- Centro Expandido: a proporção da concentração de empregos cai de 46,7% em 2010 para 43,6% em 2020;

Percebe-se que o centro da Capital Federal não irá perder seu status de grande pólo gerador de tráfego (veja as Figuras 6 e 7); entretanto, os resultados mostram que é possível descentralizar as atividades (ou reduzir a dependência excessiva) em relação ao Plano Piloto, especialmente nos eixos sul e oeste da cidade, minimizando os impactos negativos projetados para 2020 na mobilidade urbana.

Figura 6: Transporte Público Coletivo - Pico da Manhã - 2020

Figura 7: Transporte Individual - Pico da Manhã - 2020


Conclusões

Diante dessas análises e projeções, quero alertar para o seguinte: é fundamental que a próxima gestão governamental se atente para a necessidade de descentralizar as atividades do Plano Piloto. É fundamental a criação de um programa de incentivos que possibilite o pleno desenvolvimento econômico, social, cultural e ambiental das cidades-satélites. Neste contexto, o Sistema de Transporte Público pode agir como um forte indutor desse processo, contribuindo na orientação o desenvolvimento urbano. Como diretriz da exploração desse potencial, é interessante observar as premissas usadas nas simulações feitas (PDTU, página 83):

- Desenvolvimento de subcentros, por conta de projetos implantados pelo poder público como as Áreas de Desenvolvimento Econômico;
- Concentração de áreas de comércio e serviços em pontos de transbordo do sistema metroviário ou de transportes coletivos;
- Desenvolvimento de subcentros em trechos específicos ao longo de corredores de transportes;
- Compactação dos subcentros de Taguatinga, Guará, Gama, Sobradinho e Ceilândia, que passarão a exercer maior influência na oferta de empregos;
- Formação de novos centros de emprego na área do Centro Administrativo do Distrito Federal e de
outros empreendimentos, como o campus da Universidade de Brasília;
- Continuidade de concentração de atividades terciárias na Área Central de Brasília".



Por uma melhor cidade e uma melhor mobilidade urbana, contem comigo!
Forte abraço,
Higor Guerra

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