sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Expresso DF Sul


Nas caminhadas que fiz em Santa Maria e Gama, recebi muitas reclamações sobre o Expresso DF Sul. Ontem fui sentir na pele a situação de quem usa o BRT. Fui cedinho ao Terminal do Gama e peguei a linha expressa até a Rodoviária do Plano Piloto.

Intervenções ainda pendentes

Área próxima ao Terminal do Gama
Possibilidade de desenvolvimento econômico, social e cultural

Estacionamento do Terminal Gama

Calçada de acesso ao Terminal

Faixa de pedestre para acesso à plataforma

Sanitário no Terminal do Gama

Passarela para acesso à estação

Apesar de ainda existir intervenções a serem realizadas e algumas ressalvas, de forma geral, a infraestrutura é satisfatória considerando a visão limitada que fizeram do empreendimento. Digo limitada, pois poderia-se aproveitar melhor o potencial de indução do desenvolvimento econômico, social e cultural. É preciso implantar uma #NovaPoliticaDeMobilidadeUrbana, no qual pode-se aproveitar áreas adjacentes aos terminais e determinadas estações para construir, de forma integrada, espaços como shoppings, teatros, creches de tempo integral, UPAs etc. 


O estacionamento não fica do lado indicado na placa

Uso de banner: informações ao usuário

As informações ao usuário (quando não estão erradas) são apresentadas banners pregados em pregos. Curioso que as propagandas feitas para a inauguração da fase de testes do BRT, inclusive em horários nobres da TV, não foram poupados recursos financeiros. Mas, para o usuário que pega diariamente o BRT, parece que os recursos disponibilizados para a sua informação foram escassos. Por que não investir em painéis eletrônicos que passam informações em tempo real?

Plataforma de desembarque das linhas alimentadoras

Acúmulo de passageiros na plataforma de embarque

Superlotação: Muitos usuários não conseguem embarcar

O grande problema registrado está na operação insuficiente. Faltam ônibus para atender a demanda. As linhas alimentadoras (que circulam as cidades do Gama e de Santa Maria) chegam às plataformas dos Terminais (Gama e Santa Maria), mas os ônibus articulados do BRT estão operando com intervalos muito grandes. Isso gera acumulo de passageiros nos terminais e, quando chegam os veículos do BRT, há uma verdadeira guerra para entrar, sendo que muitos usuários acabam não conseguindo embarcar.

Só para vocês terem uma ideia, a projeção da demanda para o BRT é de 200.000 passageiros por dia. Ou seja, é superior a atual demanda do Metrô-DF, que opera com cerca de 160.000 passageiros por dia. Os trens do metrô (que levam cerca de 1000 passageiros cada um) passam a cada 4 minutos. Ontem, eu tive que esperar 9 minutos entre um ônibus e outro, sendo que estes articulados levam cerca de 160 passageiros.


Espaço destinado a pessoas com deficiência
  
Interior do ônibus articulado do BRT

Usuários no interior do veículo


Lixeira no interior do veículo

O interior dos ônibus do BRT é bem agradável, quando não estão superlotados. O embarque é facilitado, pois a plataforma está em nível com ônibus. Porém, não se compara com o metrô, uma vez que a proximidade entre o ônibus e a plataforma depende da habilidade do motorista que deve aproximar ao máximo da plataforma, sem gerar acidentes. Este problema no metrô não existe, pois os trens andam em trilhos que foram dimensionados de forma a possibilitar maior conforto ao usuário.


Faixa exclusiva do BRT

Viaduto Exclusivo do BRT

Eixo Rodoviário: sem faixa exclusiva

No nosso trajeto de ida, nós gastamos exatos 40 minutos entre o terminal do Gama e a Rodoviária do Plano Piloto (RPP). Poderíamos ter gasto 35 minutos, caso houvesse faixa exclusiva no Eixo Rodoviário Sul. Isso mesmo, perdemos cerca de 5 minutos presos num congestionamento próximo à chegada da RPP.

Aproveitei a oportunidade para conversar com a Helena e a Caira. Elas são moradoras do Gama e trabalham no Plano Piloto. Caira não está satisfeita com a atual operação do BRT. Já Helena disse que melhorou bastante o dia-a-dia dela, economizando cerca de 2 horas por dia no deslocamento. Entretanto, ambas acreditam que se houver maior oferta de ônibus, o sistema melhorará bastante. Caira ressalvou ainda a necessidade de se pensar na melhoria dos serviços de transporte entre o Gama com outras cidades como Taguatinga. Elas também falaram que seria interessante um trabalho social de conscientização e educação dos usuários.

Estação Parkway: ponto de transbordo (ramais RPP e TAS)
  
Em relação a melhoria entre o Gama e Taguatinga, a segunda fase do BRT irá facilitar esse deslocamento, apesar de eu não achar o ideal. A segunda fase deve ser concluída em 2015 e possibilitará a integração do BRT ao Metrô-DF nas estações Shopping e Terminal Asa Sul (TAS) do metrô. 


Pico da Manhã: saída do Gama
  
Ônibus articulado do BRT 

Segundo informações divulgadas na mídia ontem e hoje, a previsão é de mais ônibus do BRT em circulação, o que deve melhorar os deslocamentos das pessoas. Mas, pelo que conversei com a população isso não será suficiente. Será preciso rever algumas linhas de ônibus desativadas por causa do sistema de BRT. Além disso, é preciso melhorar questões como as informações ao usuário e investir no potencial de indução do desenvolvimento econômico, social e cultural.

Hoje em dia no Brasil, muitos políticos e gestores públicos tomam importantes decisões sobre o transporte público coletivo, mas eles mesmos não os utilizam. Inclusive, muitos sequer dirigem seus próprios carros, pois contam com motoristas.

Vamos construir juntos a cidade que queremos! Contem comigo! 

Renove: ajudem-me a divulgar esse trabalho! Brasília não pode mais errar!

Forte abraço,
Higor Guerra

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